terça-feira, 27 de maio de 2014

Irá a C.G.D. ser obrigada a lançar uma OPA sobre a Inapa?

A Inapa é a empresa líder no sector da distribuição de papel em Portugal e também uma das acções em destaque, no dia de hoje, na bolsa nacional.
As acções da Inapa já estiveram a subir mais de 10% na sessão de hoje, depois de ter sido noticiado que a CGD (33,02%) e a Parpública (10,88%) poderão ser obrigadas a lançar uma OPA sobre os restantes 56% que não controlam da empresa.
Esta decisão ainda não está tomada, estando neste momento em análise na CMVM. A concretizar-se, coloca a CGD numa situação delicada, pois em vez de estar a vender activos e negócios descorrelacionados com o seu core business, como exigia o memorando assinado com a Troika, passaria a deter uma empresa inserida num sector completamente diferente e ainda por cima sem o querer. E passo a explicar porquê…
Em Outubro de 2011, a empresa liderada por Félix Morgado fez um aumento de capital, em que foram emitidas 300 milhões de acções preferenciais, que não concediam direitos de voto, a adicionar às já existentes 150 milhões de acções ordinárias (com direito de voto). Até aqui tudo bem. O problema é que as acções preferenciais, embora não conferissem direito de voto, passariam a fazê-lo caso, por dois anos seguidos, não recebessem dividendos. Foi precisamente isso que aconteceu e, o que inicialmente foi encarado como um investimento, passa agora a uma grande dor de cabeça para o banco do estado.
Antes das acções preferenciais, emitidas em 2011, concederem direito de voto em 2014, a CGD, através da sua gestora de participações Parcaixa, detinha apenas 0,002% da Inapa. Com esta nova alteração, e tendo sido a Parcaixa quem mais investiu em 2011 no aumento de capital da Inapa, vê-se agora com uma posição de 33,02% no capital social da empresa.
Relembro, para quem não sabe, que segundo a lei nacional, que transpõe as directivas comunitárias sobre as Ofertas Públicas de Aquisição (OPAs), é obrigatório o lançamento duma OPA quando uma empresa detem pelo menos 33% dos direitos de voto, de forma directa, ou 50% se os direitos de voto forem detidos indirectamente.
Tecnicamente, a acção reintegrou a linha de tendência ascendente (anteriormente quebrada) que guiou todo o Bull Market da acção desde Junho de 2012. A divulgação do aumento de 33% dos lucros trimestrais da empresa, para os 1,5 milhões de euros, no dia 21 de Maio, tem levado a acção a subir nas últimas 4 sessões consecutivas.
Com os resultados trimestrais já divulgados, o futuro da evolução da cotação da Inapa passa pela resolução desta situação. Em cima da mesa está uma venda de parte da posição da CGD e/ou Parpública, de modo a poder baixar a barreira dos 33%, e assim evitar a OPA. Se este caminho for aprovado pelo regulador, poderemos dar continuidade à queda da acção que, desde os seus máximos nos 0,37€, já desvalorizou mais de 20%.
 

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