quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Análise às acções do BCP: Comprar, Manter ou Vender?

O BCP sempre foi uma das acções preferidas dos investidores portugueses. Muitos são aqueles que detêm acções em carteira há vários anos, fruto de uma política agressiva de venda de acções por parte do banco aos seus clientes, em troca de vantagens comerciais.

Entre 2010 e 2012 as acções do maior banco privado português perderam mais de 85% do seu valor. O BCP foi mesmo o único, entre os maiores bancos portugueses, que não conseguiu recuperar em 2012. Caiu 16% sobretudo devido ao elevado montante de financiamento a devolver ao estado, no âmbito do aumento de capital, e os elevados prejuízos registados.

O ano de 2013 marcou a inversão de tendência do BCP. Foi um ano particularmente positivo para as acções da banca nacional, tendo sido o BCP o banco que melhor desempenho registou. As acções dispararam 116% (desde um mínimo nos 0,077 até a um máximo nos 0,1664), sendo que só em Dezembro registaram uma valorização de mais de 25%, num ano em que o sector beneficiou da recuperação da economia a nível mundial mas também da evolução positiva dos juros da dívida portuguesa. Segundo relatório do CaixaBI, as acções do BCP foram ainda beneficiadas pela perspectiva de alteração ao tratamento contabilístico dos activos por impostos diferidos, como aconteceu em Espanha, com um impacto estimado entre 1,2 e 1,4 mil milhões de euros no BCP. Esta almofada financeira cria oportunidades para antecipar parte da devolução do empréstimo estatal no valor de três mil milhões de euros em obrigações de capital contingente (CoCo’s).
 
 
O ano de 2014 começou animado para o BCP, com a acção a subir 6,97% para os 0,178 euros logo na primeira sessão do ano, tendo sido trocados de mãos 209 milhões de títulos do BCP, o que compara com os 116 milhões transaccionados em média por dia nos seis meses anteriores.

Desde o início do ano o BCP acumula uma valorização de 15,5%, suportada pela recuperação económica de Portugal e pela diminuição dos custos de financiamento de Portugal (no passado dia 19 de Fevereiro, Portugal regressou ao mercado, tendo-se financiado em 1.250 milhões de euros, através da emissão de bilhetes do Tesouro a três e doze meses e pago taxas de juro mais baixas do que nas emissões anteriores).

O BCP apresentou resultados relativos a 2013 no dia 3 de Fevereiro, tendo obtido um prejuízo de 740,5 milhões de euros. Se a economia continuar a recuperar o BCP deverá regressar aos lucros, ainda que marginais, em 2014 (segundo declarações do presidente executivo do BCP) e negociar a um múltiplo que corresponde a 6,5 vezes os resultados previstos em 2016, segundo estimativas dos analistas do BPI. O banco registou um rácio de capital “core tier 1”, que mede a solidez financeira da instituição, no final de 2013 de 13,8%, uma melhoria face aos 12,4% apresentados um ano antes.
Neste momento o banco é um dos mais baratos da Península Ibérica, conforme tabela abaixo. BCP, BES e Santander apresentam o PER mais baixo.
 


Para este ano de 2014 destaco alguns factores que, a meu ver, poderão condicionar a evolução da cotação das acções do BCP:

Factores Positivos

- As operações internacionais deverão dar um contributo positivo para os resultados do banco, nomeadamente Polónia, Moçambique e Angola (segundo comunicado emitido pelo BESI, poderão contribuir com lucros de 100 milhões de euros, 90 milhões e 40 milhões, respectivamente);
- A venda do negócio na Polónia aos preços de mercado poderá libertar 1,2 mil milhões de euros de capital;
- A capacidade do banco para reduzir os custos operacionais e manter a posição de liderança no segmento de retalho comercial em Portugal;
- Os custos com plano de redução de trabalhadores, que o BCP espera concretizar ainda antes do Verão, foram contabilizados nos resultados do ano passado;
- No futuro, os resultados do banco irão reflectir as melhorias em termos de eficiência operacional, bem como do aumento da margem financeira que irá beneficiar de um menor custo dos depósitos e da subida prevista das taxas de referência nos empréstimos a partir de 2015;
- A queda trimestral dos custos de financiamento em 21,3% junto do BCE;
- Em comunicado, pós apresentação de resultados, o banco confirmou que a operação na Roménia está à venda e que tem recebido mais manifestações de interesse que o esperado.

Factores Negativos

- A recuperação económica de Portugal tem sido o principal catalisador da recuperação do BCP. O risco sistémico, ou de mercado, é sem dúvida um dos factores a considerar quando se considera a hipótese de entrar no BCP;
- Em Junho de 2012, o Estado injectou 3.000 milhões de euros no BCP através sobretudo da compra de obrigações subordinadas de conversão contingente (as chamadas 'CoCo bonds'), pelo que as instituições estão obrigadas a pagar regularmente juros sobre estes instrumentos. A capacidade do BCP para pagar esta dívida estatal poderá ser um dos factores que condicionarão o título em 2014;
- Os testes de stress a quatro instituições financeiras portuguesas (CGD, BES, BPI, BCP) que irão decorrer entre Abril e Outubro deste ano. Estes testes servirão para aferir a solidez financeira do sector financeiro europeu e serão levados a cabo pela Autoridade Bancária Europeia. Os últimos testes tinham sido realizados entre 2009 e 2011;
- O peso do aumento da contribuição extraordinária sobre a banca previsto no Orçamento do Estado de 2014.

Mas afinal deveremos comprar, manter ou vender as acções do BCP?

Do que foi exposto, e considerando apenas factores fundamentais, o fiel da balança poderá pender para qualquer um dos lados.

Deveremos pois recorrer à análise técnica para nos ajudar a tomar uma decisão sobre o posicionamento de um investidor em relação às acções do BCP.

Entre Setembro de 2011 e Outubro de 2013, o BCP formou um cabeça-e-ombros invertido, figura típica de inversão de tendência que aparece frequentemente após quedas muito prolongadas. Quanto mais tempo se demorar a formar este tipo de padrões, maior a sua projecção no sentido contrário à tendência que o antecede. A sua activação (breakout) aconteceu com forte volume no dia 14 de Out. de 2013, com as acções a registarem uma valorização de 4,8%. O target teórico, resultante da projecção do H&S em alta, apontava para a zona dos 0,1910, nível de preço que foi atingido em meados de Janeiro deste ano.
 

A antecipação do mercado em relação aos elevados prejuízos referentes ao ano transacto, que o BCP ira apresentar no dia 3 de Fevereiro, levou o BCP a registar fortes quedas durante o final do mês de Janeiro. No dia após a divulgação dos resultados (que já se encontravam descontadas no preço) o BCP subiu 13%, confirmando um movimento típico de mercado de “vender no rumor e comprar na notícia”!

Depois de na semana passada o BCP ter estabelecido um novo máximo anual nos 0,1998, as acções têm lateralizado nos últimos dias. Enquanto o BCP não quebrar em baixa o último mínimo relativo nos 0,1885, deveremos privilegiar posições longas, a favor da tendência dominante de médio e longo prazo. A próxima resistência situa-se nos 0,28€, coincidente com o nível 38,2% de fibonacci do último grande swing de baixa, oferecendo um valorização de 44%, face à cotação de fecho de hoje nos 0,1943.

O cenário oposto acontece em caso de quebra dos 0,1885€. Neste caso, as acções poderão corrigir até aos 0,16€ e completar a formação de um duplo topo.
 


 

2 comentários:

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